Editorial

Uma fila de tamanho desconhecido

Para quem aguarda há meses - em alguns casos Brasil afora -, até anos por uma cirurgia, o anúncio do governo federal da criação do Programa Nacional de Redução de Filas de Cirurgias Eletivas representa algum grau de esperança de ver o fim do sofrimento físico e mental causado pela necessidade de um tratamento pelo qual a única opção, diante da situação socioeconômica, é a rede pública de saúde.

Conforme o Ministério da Saúde, serão investidos pelo menos R$ 600 milhões no pagamento de procedimentos em todo o País, sobretudo abdominais, ortopédicas e oftalmológicas, que estão entre as mais demandadas. O valor compreende não só cirurgias, mas também os atendimentos em consultas médicas especializadas.

Diante dessa disposição federal e destinação de recursos, fica evidente e chama atenção uma outra questão com relação à gestão da saúde pública: o desconhecimento do tamanho da fila pelos procedimentos. Isso porque as secretarias estaduais e municipais não possuem os dados sobre a quantidade de cidadãos esperando cirurgias. O que os gestores conseguem afirmar é o número de pessoas aguardando consultas médicas especializadas, o que naturalmente não dá a dimensão exata da necessidade de operações represadas, já que parcela significativa dos pacientes que procura um profissional médico sai do consultório com indicação de tratamento que não passa por centro cirúrgico.

No caso do governo do Estado, por exemplo, a secretária Arita Bergmann cita fila no SUS em torno de 309 mil consultas e exames não urgentes com especialistas. Conta que não leva em consideração cirurgias eletivas porque estas são, segundo o modelo atual de gestão das demandas, encaminhadas diretamente pelos hospitais, sem passar pelo poder público. A situação não é exclusiva, pois se repete em toda a rede de saúde, incluindo a de Pelotas, onde a informação não pôde ser obtida pelo Diário Popular em reportagem produzida na última segunda-feira porque a Prefeitura, assim como o Estado, disse que o dado é de conhecimento das casas de saúde. E estas, por sua vez, não responderam ao Jornal sobre estes números.

Fato é que, até este momento, se sabe que há dinheiro e disposição do governo federal e do estadual, que também tem programa semelhante para agilizar as cirurgias. Só não se sabe dizer com precisão quantos pelotenses, gaúchos e brasileiros seguem convivendo com a demora em receber o tratamento de saúde que têm direito.

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